Brasil, 1934. Uma laranjeirense se torna a primeira mulher deputada estadual em Sergipe. Seu nome é Quintina Diniz de Oliveira Ribeiro, uma sergipana ilustre que vivificou os rumos da mulher na política no estado. Com uma vida tão vultosa e de expressiva relevância para a nossa história, o Palácio-Museu Olímpio Campos (PMOC) promoveu na última quinta-feira, 29, no salão multieventos, um espaço de discussão com a presença de distintos convidados que contaram e recontaram a vida desta sergipana e a sua influência até os dias de hoje.
Maria Ione Macedo Sobral, ex-prefeita de Laranjeiras e coordenadora da mesa; Ana Lúcia Vieira Menezes, deputada estadual e professora; Emerson Maciel Santos, presidente da Academia Laranjeirense de Letras (ALJ); Paulo Meneses Leite, professor e cidadão laranjeirense; Neide Santana, professora e vice-presidente da ALJ; e José Franco Filho, professor e cidadão laranjeirense, foram os desbravadores da memória de Quintina Diniz, de sua vida, sua importância histórica e a relevância de, enquanto mulher, ter sido a primeira a ganhar protagonismo na vida política do estado.
Quintina Diniz foi, sobretudo, uma cidadã laranjeirense. E para falar de Laranjeiras, como lembra Paulo Menezes nas palavras de Aglaé Fontes: "É preciso fôlego e tempo". Professora dedicada, mulher de altivez e humildade admirável, Quintina foi para Laranjeiras exemplo de um ser humano disposto a olhar para o outro e compreendê-lo em sua diferença. "Laranjeiras deve um agradecimento muito grande a Quintina pelo modo como nos ensinou a amar ao próximo, a ter humildade. Ela se dava bem com índio e com negro. Naquele tempo Laranjeiras tinha muito índio", recorda Maria Ione.
"A mulher é sempre invisível", pontua, sem pestanejar, a deputada Ana Lúcia. A condição de mulher, geralmente, por condições historicamente desenvolvidas, coloca-a ainda hoje em desigualdade nas relações sociais de poder com os homens. Nesse sentido, Quintina ainda se apresenta como na vanguarda da participação das mulheres na política. Por isso, nos conduz a uma inspiração natural. Tanto dela quanto de outras mulheres, como Ofenísia Freire, que lutaram para ter seu espaço reconhecido e legitimado na vida pública. "Essas mulheres invisíveis nos mostraram a ter coragem de ir para o povo", lembra Ana Lúcia.
A vida de grande oradora e a fé católica marcaram também as poesias que a professora Quintina acumulava no seu tempo livre, caracterizadas, principalmente, pelo "misticismo, devoção e convicção política", como argumenta Emerson Maciel. Uma mulher de grande sensibilidade que transitava entre Aracaju e Laranjeiras, entre a tribuna e o povo, como uma peregrina sempre disposta a ouvir e a doar um pouco de si para um outro. "Eu tenho um arrependimento muito grande: o de não ter colocado o nome de Quintina na UFS [de Laranjeiras]", lamenta Maria Ione percebendo a grandiosidade de Quintina para a cultura local.
Assim, nessa simbiose entre Quintina e sua cidade natal, o evento foi encerrado com a apresentação da Filarmônica de Laranjeiras.
Fotos: ASCOM/Casa Civil |