O Palácio Olímpio Campos é um dos maiores símbolos da política sergipana. Inaugurado em 1863, funcionou como sede do Governo até 1995, foi palco de grandes decisões e acontecimentos históricos, e chegou a ser desativado há mais de dez anos por problemas estruturais. Porém, desde o início da sua gestão, o Governo do Estado decidiu resgatar esse importante fragmento da nossa memória, promovendo a completa restauração dos elementos artísticos e dos móveis do Palácio.
Um dos maiores desafios dessa empreitada foi justamente resgatar as características originais do Palácio. Ao longo de seus mais de 140 anos, o Palácio Olímpio Campos passou por diversas intervenções físicas, que consistiam em reparos pontuais e novas camadas de pintura. Com o passar do tempo, as características iniciais foram se perdendo.
"Havia locais com 8, 10, 13 camadas de repintura. O Palácio Olímpio Campos nunca passou por restauração, mas sim por reformas. Como ele foi muito mexido, tornou-se mais difícil resgatar sua originalidade", afirmou Álvaro Augusto, diretor da AM Restauro, empresa contratada pelo Governo de Sergipe após licitação.
Para recuperar a camada de tinta original das paredes internas e da fachada, foram empreendidas duas técnicas: a remoção química e a remoção física. A depender das condições de cada área, foram utilizados elementos químicos ou um bisturi cirúrgico para extrair as camadas de repintura e revelar a original. Em alguns locais, porém, a pintura original estava totalmente destruída, sendo necessário recriá-la a partir do zero. Nesses casos, foi feita uma pesquisa histórica para que a nova pintura conservasse o estilo artístico do palácio.
As paredes que possuem obras murais receberam um tratamento especial. Elas foram imunizadas, para remoção de fungos e bactérias, e receberam um fixador, para dar mais resistência à camada de pintura.
Internamente, as obras de restauração já foram concluídas. Nas áreas externas, devido ao estado avançado de deterioração, o trabalho continua. Sol forte, chuva e salitre desgastaram, com o tempo, quase todo o revestimento das quatro fachadas. O reboco está sendo refeito com materiais modernos e mais resistentes, conservando, porém, o aspecto original. Para manter essa proximidade, foram coletadas amostras do antigo revestimento e feito um estudo em laboratório de sua composição.
Cada área da fachada exige uma intervenção específica. Em virtude da complexidade da restauração, estão sendo adotadas diversas técnicas e procedimentos. Fungos e liquens, por exemplo, foram removidos com o jateamento de água com hipoclorito de sódio. Plantas que cresciam no telhado foram retiradas através do envenenamento de suas raízes. Todas as esculturas tiveram sua estrutura reforçada com aço inox. Além disso, ornatos e balaustres, que estavam se dissolvendo, estão sendo reconstruídos a partir de moldes de fibra de vidro e silicone.
Visitabilidade
Para tornar possível o acesso de cadeirantes e pessoas com necessidades especiais, o Palácio Olímpio Campos passará por adaptações. Serão construídas duas rampas, três sanitários serão adaptados e o elevador existente será modernizado. Além disso, vão ser reservadas vagas no estacionamento e espaços no auditório do palácio para cadeirantes.
De acordo com Tatiana Carvalho, arquiteta da Seinfra, o intuito do projeto é permitir o acesso dessas pessoas a todas as áreas visitáveis, preservando o estilo arquitetônico do palácio. "Por ser um prédio tombado pelo governo estadual, não é possível realizar todas as modificações previstas no conceito de acessibilidade, mas estamos fazendo o possível parar garantir a visitabilidade dos ambientes".
O investimento total do Governo do Estado no projeto de restauração, que inclui ainda iluminação externa do palácio, compra de equipamentos e serviços complementares, chega a R$ 5.318.504,89. Já a entrega da obra é prevista para o primeiro semestre de 2010.
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