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Museus como: Núcleos culturais: O Futuro das Tradições |
MUSEUS COMO NÚCLEOS CULTURAIS: O FUTURO DAS TRADIÇÕES
Haja hoje para tanto ontem. E amanhã para tanto hoje. Sobretudo isso. Paulo Leminski A construção poética de Paulo Leminski convida-nos para um salto criativo no trampolim do tempo. Em boa medida, a sua poesia ilumina a compreensão de que a imaginação tem potência suficiente para não ser prisioneira do tempo. Vinda do passado a sua poesia explode no presente e se projeta no futuro com extraordinária capacidade de intervenção criativa. A construção poética de Leminski indica que todo tempo é intenso e tenso. Mesmo havendo muito hoje não será possível dar conta de todo o ontem. Mesmo havendo muito amanhã não será possível dar conta de todo o hoje; pois, por mais que possam existir permanências, cada tempo é pleno de singularidades e nele não há espaço para repetições. A poesia de Leminski propicia um diálogo criativo com o tema: Museus como núcleos culturais: o futuro das tradições, proposto pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM) para as comemorações do dia 18 de maio, celebrado como o Dia Internacional dos Museus. No Brasil, em maio de 2019, como já é tradição, vamos comemorar inspirados neste mesmo tema, em diálogo com permanências, singularidades e inovações, a 17ª Semana Nacional de Museus. Trata-se de um momento propício para fomentar debates no campo museal, para estimular a realização e o desenvolvimento de projetos e atividades museológicas que podem ser de curta, média ou longa duração. Pensar os museus como núcleos ou centros culturais não constitui novidade; desde os anos de 1970 este tema tem sido trabalhado. A rigor, todo e qualquer núcleo ou centro existe em relação, ou seja, a sua existência está condicionada ao que lhe é externo. As relações entre centro e circunferência, centro e periferia, transmissão e recepção, irradiação e concentração são indissociáveis. Além disso, todo e qualquer ponto periférico pode se transformar em centro. A ideia de núcleos culturais é dependente da noção de cultura com que se trabalha. Entre a perspectiva antropológica que considera a cultura como a totalidade da herança social e a noção de cultura como belas artes ou saber erudito há um mundo de diferenças. O que ocorre com a cultura, ocorre também com a palavra tradição, para a qual não há um sentido único. Existem tradições e tradições. No Brasil existem povos indígenas e quilombolas com tradições milenares, mas também existem tradições inventadas, tradições progressistas e tradições conservadoras, tradições que se opõem à vida e outras que valorizam a vida. Para nós que atuamos no mundo dos museus a vida social, a vida em relação e a vida biológica são limites intransponíveis. O futuro da tradição é preservar a vida! Instituto Brasileiro de Museus* * Texto produzido com colaboração do Museu da República. |