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A VIDA E MORTE DE FAUSTO CARDOSO. |
A VIDA E MORTE DE FAUSTO CARDOSO Por: Nadir Andrade Nascimento Fausto de Aguiar Cardoso nasceu em 22 de dezembro de 1864 em Divina Pastora, filho do tenente-coronel Felix Zeferino Cardoso e de Maria do Patrocínio de Aguiar Cardoso. Estudou inicialmente em Sergipe, fez seu ensino secundário em Salvador, mas foi em Recife que se bacharelou em Direito, fazendo parte da Escola do Recife, considerado discípulo de Tobias Barreto (MONTALVÃO, 2022). Após forma-se em 1884, retorna a Sergipe para trabalhar como promotor público no Município de Capela. Em 1887, "foi designado para a promotoria de Laranjeiras, principal fórum sergipano, tendo encontrado a cidade em plena efervescência, envolvida pela propaganda republicana" (MONTALVÃO, 2022). Mesmo tendo trabalhado como promotor pelo Partido Liberal no ano de 1889, foi destituído do cargo um ano depois com a Proclamação da República (IDEM,2022). Logo em seguida foi para o Rio de Janeiro dedicando-se "à advocacia, ao jornalismo e ao magistério. Nomeado professor da história universal por Benjamin Constant" (MONTALVÃO,2022), em seguida trabalhou no Pedagogismo, Escola Normal, sempre na área de História. Foi ainda docente de História da Arte na Escola de Belas Artes e de Filosofia do direito na Faculdade de Direito (IDEM,2022). Sempre atuante na política republicana em Sergipe apoiou Manuel Valadão durante as disputas de 1894 e juntos "proclamaram a derrubada do Governo constitucional de José Calazans" (MONTALVÃO, p.l, 2022), representante da estrutura conservadora, cumplice do grupo liderado por Olímpio Campos, Leandro Siqueira Maciel e José Luís Coelho e Campos, que "possuíam o controle da política Sergipana" (IDEM, p.l.2022), iniciando assim um grande conflito político em Sergipe. Esse conflito gerou uma divisão de poder dentro do Estado, levando Calazans a baixar um decreto convocando seus partidários a se encontrarem no Município de Rosário do Catete, "instalando, aí, a nova sede do Governo. estabeleceu-se então a duplicidade de assembleias" (DANTAS, p.l.2022). Por conta dessa divisão, criou-se no imaginário popular os títulos pebas e cabaús, atribuído aos partidos. "Os que ficavam nas areias das praias de Aracaju eram os Pebas e os que se transportavam para próximo dos engenhos foram denominados de cabaús" (IDEM, 2022). Continuando Olímpio Campos se nutre do acordo feito com Martinho Garcez em 1899, que gera o controle da política local pelo Partido Republicano Sergipense. Dentro deste cenário Fausto consegue vencer a eleição em 1900 e se torna Deputado Federal (MONTALVÃO,2022), começa a partir daí a construção de seu prestígio e de sua popularidade. Como afirma Souza (1985), "é todavia inegável que, para além do projeto da queda do olimpismo, Fausto Cardoso passava a significar a uníssona aspiração de progresso e melhores dias que não se realizaram sob o primado de Olímpio Campos" (p.160). No cenário sergipano, o faustismo representava a possível concretização das ideias evolucionistas e anti oligárquicas de militantes e intelectuais que lutavam pela queda do olimpísmo, almejando o desenvolvimento da sociedade sergipana (SOUZA,1985), dessa forma Fausto naquele momento era o maior representante de partido oposicionista. "Pretendendo unificar todos os grupos oposicionistas dentro do Partido Progressista, numa frente comum contra a oligarquia olimpista... Fausto Cardoso indicou o Senador Coelho e Campos para a chefia do partido, sendo aceito por aclamação" (DANTAS, p.56,2022). Poucos dias depois de fundado o partido, era deflagrado uma Revolta. Insuflada por seus correligionários, intelectuais e soldados insatisfeitos com a política atual, mal pagos os oficiais que se sentiam inferiorizados e infelizes com a atual liderança do governo, apoiaram a revolta. (SOUZA, 1985). A Revolta inicia com um ataque direcionado ao Palácio na madrugada do dia 10 de agosto, liderada "pelos alferes reformado do Exército Otaviano de Oliveira Mesquita" (SOUZA, 1985), que logo passa a recebe aderência popular, que se encontram confiantes devido a distribuição de armamentos. Porém Guilherme Campos, o Presidente de estado e irmão de Olímpio Campos, apela convocando uma intervenção federal (IDEM, 1985). A partir desse momento a Revolta passa a ter outro rumo, pois a Presidência da república acata a súplica do Governo de Sergipe que tinha acabado de ser deposto e envia um batalhão do Exército que tinha sede na Bahia. Fausto, por outro lado, tentava conciliar ambos os lados através de uma conferência sediada na casa do capitão Amintas Jorge, a ideia era resolver a situação de forma amistosa. Enquanto isso, os adeptos esperavam que Fausto conseguisse acalmar os ânimos dos depostos, através de seus discursos. No entanto os adversários não estavam concedendo e continuavam a fazer exigências (SOUZA, 1985). Dessa forma, Fausto se encontrava preso em seus ideais. "Havia o respeito à legalidade, que desejava preservar; a coerência às suas ideias, que desejava manter, mas era vital para seu futuro político não decepcionar a multidão de adeptos que granjeara"(SOUZA, p.181,1985). Por outro lado, o grupo deposto exigia a Fausto a responsabilização da revolta, até a restituição do poder. Nesse interim, os depostos anunciam sua renúncia e o novo governo progressista inicia os trâmites para a renovação da administração do estado (SOUZA, 1985). No entanto, os revoltosos, acreditando possuir poder suficiente para a mudança política, seriam surpreendidos pelos acontecimentos seguintes. O estopim da Revolta acontece no dia 27 de agosto, o contexto anterior a esse dia é que revelam as razões dos fatídicos acontecimentos seguintes. Após a eclosão da revolta o Governo Federal temendo que o "caso de Sergipe" se espalhasse as outras terras servindo de inspiração levou o Congresso a aprovar uma intervenção federal (PRADO, 2008). "As autoridades despostas obtiveram, dessa forma, o apoio do Governo da União, que enviou tropas do Exército para Sergipe" (PRADO, p.105,2008. Após a chegada das tropas federais ao Palácio, Fausto juntamente com parte de seus correligionários e amigos seguem desarmados de encontro as tropas, numa tentativa de resistência. Todavia, presentes no salão central foram alvejados pelos soldados que guarneciam aquele espaço e Fausto recebeu em seu ventre uma bala que o fez cambalear sendo amparado por seu filho e amigos que o levaram para um chalé próximo ao Palácio do Governo, este em seu caminho não perdia a postura confiante e foi " ao beber água, nos braços dos companheiros erguia seu ultimo brinde: "bebo a alma de Sergipe" meia hora depois expirava" (SOUZA, p.212,1985) A morte de Fausto deixou dúvida acerca da criminalidade do ato, pois a narrativa criada posteriormente foi uma tentativa de inocentar o general competente pelos atos daquele dia. Apesar dessas questões a morte de Fausto Cardoso gerou comoção dentro e fora do estado, as mulheres fazendo romaria levavam flores ao seu túmulo todos os dias (SOUZA, 1985). E em 1912 foi edificado um monumento de bronze na praça dos poderes, seus corpo exumado foi enterrado logo abaixo do monumento (PRADO, 2009). tempos depois a praça dos poderes receberia o nome de Fausto Cardoso. REFERÊNCIAS MONTALVÃO, Sergio. Fausto Cardoso. Portal Getúlio Vargas, 2022. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira republica/CARDOSO, %20Fausto. pdf. Acesso em 01/08/2023 PRADO, Gilliard da Silva. Batalha da memória política em Sergipe: as comemorações das mortes de Fausto Cardoso e Olímpio Campos (1906-2006). Dissertação (Mestrado em História) - Universidade de Brasília, Brasília, p. 184, 2009. Disponível em htt://repositorio.unb.br/handle/10842/4060. Acesso em: 01/08/2023 RAGO, Maria Aparecida de Paula; Vieira, Rosa Maria. Escola do recife. Portal Getúlio Vargas, S/D Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/ESCOLA%20DO%20recife.PDF. Acesso EM 01.08.2023 SOUZA, Terezinha Oliva de Impasses do Federalismo Brasileiro: Sergipe e Revolta de Fausto Cardoso. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1985 - Nadir Andrade Nascimento é graduanda em História pela Universidade Federal de Sergipe, bolsista no Programa de Residência Pedagógica, estagiária no setor de Educação e Pesquisa do Palácio Museu Olímpio Campos e integrante dos grupos de estudo e pesquisa Grephada (grupo de Estudo e Pesquisa em História da África e Diáspora Africana e mundo Atlântico). Currículo Lattes: http://lates. cnpq.br/748149094523309. |